terça-feira, 19 de abril de 2011

A Evolução do Pensamento Administrativo

Ainda que bastante nebulosa, a administração é uma atividade encontrada em empreendimentos de qualquer espécie, de todos os povos, de todos os tempos. Na verdade, todos os grandes líderes que a História registra foram administradores – administrando países, coordenando explorações, dirigindo guerras, gerindo os esforços de outros homens.
Embora se possa reconhecer a importância da administração para o bem-estar e desenvolvimento dos povos, é muito difícil reconstruir a sua história. Os registros sobre os mais antigos empreendimentos do homem são vagos e remotos, quando existem.

A Administração das Civilizações Antigas

Muitos governantes antigos usaram seus fiéis servidores para executar seus desejos soberanos, conferindo a esses servidores a devida autoridade para atuar em nome do “chefe”. De modo coletivo, os fiéis servidores se converteram então no conselho ou junta consultiva dos chefes.
À medida que o poder e a reputação desses conselheiros aumentava, alguns deles se tornavam líderes terrenos e espirituais do povo. Para administrar, desenvolveram regras e tabus de conduta, utilizando o temor ao sobrenatural e o medo do ridículo mundano para garantir a adesão e a obediência às suas regras.

·       A Suméria

Alguns dos mais antigos documentos escritos no mundo foram encontrados na civilização suméria, de 5.000 anos atrás, e se constituem em provas das práticas de controle administrativo.
As organizações ou empresas religiosas eram consideradas imortais, mas se utilizavam de meios do homem mortal para sua administração, o que exigiu o desenvolvimento de um sistema de escrita para registrar e explicar as transações realizadas pelos muitos sacerdotes, dos bens e propriedades da corporação religiosa.
Os documentos sumérios são descrições de seus inventários; o primeiro uso da escrita foi feito para fins de controle administrativo e não para fins litúrgicos.

·       O Egito

A construção da pirâmide de Quéops envolveu o trabalho de mais de cem mil homens, durante vinte anos, tendo se utilizado de 2.300.000 blocos, cada um com peso médio de 2,5 toneladas.
Atualmente, isso equivale à administração e direção dos esforços de uma cidade-empresa de cem mil habitantes, num período de vinte anos.
Considerando o planejamento, a organização e o controle necessários a esse empreendimento, fica visível que os conceitos de administração utilizados modernamente não foram originados no século XX, mas, naquele tempo já havia necessidade de serem resolvidos problemas de transporte, alojamento e administração.
Os egípcios já tinham conhecimento de práticas e princípios da administração, como, por exemplo, da autoridade e responsabilidade, detalhamento das descrições de serviços ou tarefas.

·       A Babilônia

O império babilônico, que se desenvolveu no vale dos rios Tigre e Eufrates, também forneceu muitos exemplos de práticas administrativas antigas.
No reinado de Hamurabi, rei da Babilônia, as cidades ao longo do vale foram obrigadas a se unir par manter a paz e estabelecer uma legislação para abranger a propriedade pessoal, rural, o comércio, os negócios, a família e o trabalho. Estas leis vieram a se chamar “Código de Hamurabi”, que representou um pensamento administrativo que vigorou no período de 2000 a 1700 a.C.

·       A China

Os chineses são há muito tempo conhecidos pela sua sabedoria, mas muito pouca pesquisa foi realizada para compreender seus pontos de vista a respeito da administração. Os antigos documentos, de Chow e de Mencius, indicam, todavia, que os chineses já estavam cientes de certos princípios relacionados com o planejamento, organização, direção e controle.
Há mais de três mil anos, foram estabelecidos conceitos com um tom administrativo contemporâneo, de organização, cooperação, funções, procedimentos favoráveis à eficiência e várias técnicas de controle.
A Arte da Guerra é uma obra escrita por volta de 500 a.C. por Sun Tzu, e é o mais antigo tratado militar do mundo, mantendo-se atual, apesar de grandes mudanças nas armas e carros de guerra, porque tratou de temas atuais.
O tratado ainda é um valioso guia para os chefes militares e administradores que se dispuserem a estruturá-lo, por causa de algumas considerações, tais como: Planejamento e Direção.
Finalmente, há mais de dois mil anos, quando discorreu sobre organização, Sun Tzu advertiu:
Quando o general é fraco e sem autoridade, quando as suas ordens não são claras e distintas, quando aos oficiais e aos homens não são fixados os deveres, o resultado é uma profunda desorganização.

·       A Grécia

Os gregos, ascendendo ao poder um pouco mais tarde que os chineses, babilônios e egípcios, manifestaram um grande talento e capacidade para a administração, no funcionamento das campanhas de comércio.
É na civilização grega que se vai encontrar a origem do método científico. Os gregos reconheceram o princípio de que “a produção máxima se obtém por meio o uso de métodos uniformes, com ritmo estipulado e algo mais”.
Válido no caso de trabalhos árduos, monótonos, repetitivos, cuja cadência era estabelecida por música. O efeito psicológico positivo da música provocava um aumento da produtividade e um decréscimo no esforço desperdiçado e na fadiga.

·       Roma

Com grande determinação e talentos administrativos superiores, os romanos adquiriram o controle sobre cinqüenta milhões de pessoas (segundo cálculos). Contudo, foi à má administração que provocou a queda de Roma.
Os romanos, forçados pela conquista de novos territórios e novos povos, cedo se voltaram para o modo mais eficiente de organizar e controlar o império (organização do império).
A ciência da administração muito aprendeu com os êxitos e equívocos de Roma na área da organização, o que foi, na realidade, a primeira experiência mundial de organização de um verdadeiramente grande império. O problema consistia em como manter a fidelidade, o pagamento e o controle de impostos num império geograficamente disperso.
No ano 284 d.C., Diocleciano tornou-se imperador e instigou um novo sistema de organização que enfatizava a sucessiva delegação de autoridade, porque não era possível controlar os confins do império sem delegar parte da sua autoridade.
Alguns estudiosos se referem à organização romana como de típica descentralização. Todavia, sob o sistema de centralização de Diocleciano, se tornou mais difícil aos governantes provinciais e a outros, desafiar ou derrubar o poder central.
Atualmente, os gerentes estão aplicando os mesmos princípios dioclecianos de organização, quando empregam um sistema graduado de controle central, como um esforço para estabilizar a autoridade centralizada.

·       Os Hebreus

Tem sido dito, a respeito dos hebreus, que nenhum outro povo em toda a história, numericamente tão pequeno e politicamente tão fraco, exerceu tamanha influência sobre a civilização, com uma possível exceção dos gregos.
Moisés, um grande líder hebreu e um administrador, preparou, organizou e conduziu o êxodo dos hebreus, libertando-os da escravidão egípcia, o que é considerado um grande empreendimento administrativo. Realizou um magnífico trabalho de seleção, adestramento e organização pessoal, para o referido êxodo, valendo-se claramente do princípio da delegação e do princípio da exceção quando disse:
Eles julgarão toda a questão de pouca monta, mas toda a questão importante ser-vos-á trazida.

Essa descrição bíblica é um dos mais antigos e acessíveis documentos de uma filosofia e plano organizacional.

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